Como uma série pode fazer você subir e descer em uma
montanha russa de emoções
Sense8, a nova série da Netflix, prometeu bastante no
momento em que foi divulgado que era mais uma obra dos irmãos Wachowski
(Matrix), claro que para alguns era motivo de ficar com o pé atrás, assim como
é meio difícil ficar animado com o Shamalayah (Sexto Sentido).
Mesmo assim, com um total de 12 episódios, sendo que cada um
com mais de 49 minutos, a primeira temporada conseguiu prender os telespectadores
na tela, fazendo com que alguns terminassem de assistir tudo em um dia ou dois.
Mas então a pergunta: Do que se trata sense8? A mesma segue
a história de oito personagens totalmente diferentes em personalidades, etnias e vidas, que estão ligados por algum misterioso evento que acompanhamos no
início. Eles são uma evolução da nossa espécie, o que pode trazer consequências
desastrosas ou talvez maravilhosas, mas de uma forma ou de outra, a diferença
faz com que sejam perseguidos por uma corporação.
A ideia é bem simples, mas o modo como construíram cada
personagem e seu o plot foi o que cativou.
Cada um dos oito tem algum tipo de finalidade na trama e
como todos estão ligados, acabam que há momentos em que você vê os oito
personagens em ação ao mesmo tempo, coisa que foi mostrada de forma inteiramente nova.
A direção foi impecável e a dinâmica maior ainda. Mas talvez
não tenha sido isso que mais chamou atenção, mas os longos diálogos entre os
personagens. Que ia de sexualidade a religião, tudo sempre muito aberto, sendo
difícil não nos identificarmos.
Vamos por partes.
Sun, foi a personagem que mais se destacou em minha opinião,
ela é a coreana que teve uma vida familiar difícil, sabe técnicas marciais e é
metódica e séria, mas tem um bom coração.
Nomi é a transexual e nerd, ela tem uma inteligência afiada,
podendo invadir diversos computadores, apenas tendo o equipamento certo.
Riley é a DJ que queria ser musicista, que está agora
vivendo a sua segunda vida, tentando esquecer o que já passou.
Kala é a indiana que tem que viver pelas regras da sua
religião, a qual acredita mesmo sendo cientista.
Lito é o ator em ascensão, mas que pela sua carreira, tem
que esconder quem realmente é, quem realmente ama.
Capheus é o otimista que sempre acha que terá um bom dia, do
Quênia, vive uma vida difícil onde em qualquer lugar há pessoas perigosas.
Wolfgang é o vigarista, alemão de olhos azuis, quer ser rico
e ser feliz, mas por outro lado, se acha um monstro pela vida que seu pai lhe
deu.
Will, este é quase o principal (se é que tem um), policial
de Chicago, vive sozinho, sempre curioso, tenta se manter na linha, mas sai
dela sempre que precisa salvar alguém.
Oito cidades. Oito vidas. Oito pessoas. Um sentimento.
É interessante como todo personagem tem o seu destaque e
história para contar e quando você pensa que um deles sumiu, ele aparece para
ajudar um dos outros sete personagens. Seja com uma palavra de sabedoria, seja
batendo em alguém.
Sense8 trás muitos sentimentos conflitantes, não apenas em
seus personagens, mas também em quem assiste. Talvez possa te fazer se sentir
sozinho, mas ao mesmo tempo, perceber que pode se conectar a tantas coisas simultaneamente.
Então me pergunto: Como uma série de ficção pode fazer isso?
Provavelmente como as situações são tão “típicas”, “cotidianas”,
podendo realmente acontecer com você se nascesse na Índia ou Alemanha, traga
algum tipo de ligação com o personagem.
Você pode chegar no fim da temporada e não querer mais, mas
acho difícil não ter ouvido pelo menos uma frase que tenha lhe tocado e feito
você pensar sobre a sua própria vida.
O diálogo beira a comédia às vezes, com frases que te fazem
rir ou sorrir, ou até mesmo atitudes, mas no momento em que você ver um
personagem pensativo e então um outro surgir sem entender o por que, se
prepara, por que vai te fazer refletir.
E como hoje em dia o tabu entre casais gays não é assim tão grande, tenho que destacar que ela conseguiu mostrar como são alguns casais, o que eu sempre fico chateado com a retratação de alguns personagens homossexuais em séries. Sem pudor em mostrar algumas coisas, alguns podem ficar chocados com algumas cenas, mas isso se torna pequeno demais comparado ao resto.
Os cenários e fotografia são perfeitos e novamente, um
parabéns para a direção que conseguiu manter sempre a dinâmica das conversas, o
modo como eles estavam juntos, mas separados conversando.
O final da temporada pode ter sido bem morno comparando ao frenesi
do resto, mas se você olhar mais perto e pensar no que aconteceu com cada um e
como a vida deles foi “interrompida” ali, dá pra perceber que ainda tem
bastante história para contar e muita coisa para ser explicada. Apenas espero
que não seja algo que comece com um “boom” e continue com um ruído.
Agora apenas posso aplaudir a Netflix e os irmãos por terem
feito dessa parceria algo tão especial para tantas pessoas.
Em um mundo onde parece tão difícil se conectar a alguém, a
amar e ser amado, sense8 trás uma definição diferente de conexão, mas que não
deixa de trazer também esperança para quem se sente sozinho de vez em quando.
Então, fiquem com uma das melhores cenas ao som de What's up? do 4 Non Blondes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário